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Uma reportagem do Zenith News

    Escrevo em teu nome e de todos os brasileiros. Eu vou contar aqui uma história. A de um planeta que entrou em apuros devido – principalmente – a uma pandemia que até o momento já matou mais de meio milhão de pessoas, ricos e pobres, jovens e adultos, homens e mulheres, anônimos e famosos. Parece fazer tanto tempo que tudo isto começou, quem sabe há séculos.Agora, em julho de 2021 completamos apenas um ano e quatro meses. De pandemia. No Brasil.

 

    Para mim tudo começou lendo um jornal. Eu já estava sabendo que um vírus fora detectado na China e que estava contaminando muitos em pouco tempo. Vi imagens de chineses usando máscaras, o que achei estranho. Depois ouvi falar que pelo número de pessoas atingidas já se tratava de uma “epidemia” e que, se o vírus se espalhasse pelo mundo teríamos uma “pandemia”. Mas, calma, não vamos colocar as notícias antes dos fatos.

 

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Colagem sobre Jornal Folha de São Paulo, 29 de fev. 2020

    Não demorou muito. Em 29 de Fevereiro de 2020, um sábado, a Folha de São Paulo trouxe a manchete: "OMS (Organização Mundial da Saúde) eleva ameaça global do coronavírus para “muito alta”. E mais: “Entidade ainda discute se situação já pode ser definida como uma pandemia.”

   Não sei por que, mas foi como se soasse um alarme. Naquele momento percebi que o Mundo nunca mais seria o mesmo. Recortei a manchete e colei-a em um de meus cadernos. Começava aí o “Dossier Covid-19”.

Paulo Medina, Terça, 13 de julho de 2021.

Dossier Covid-19  #1

"Pátria Amada Brasil" 

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Colagem sobre  capa da revista ISTOÈ, 14 de julho de 2021. 

    Não é de hoje que demonizamos os donos do poder, em especial os presidentes. Afinal de contas, se as coisas não vão bem, alguém tem de ser responsabilizado. Vi o resultado dessa tendência chegar a um grau máximo na capa da revista ISTOÉ de 14 de julho de 2021, que traz um retrato de Bolsonaro representado como o próprio capeta. Trata-se de um horripilante mega banner erguido numa imensa passeata contra ele. À direita da capa, temos a legenda; “PRESIDENTE DIABÓLICO: Manifestantes na Avenida Paulista, em São Paulo, no sábado, 3, pedem o impeachment de Bolsonaro”. A imagem é impressionante. Além dos chifres comprometedores eles colocaram no demônio do momento um bigodinho de Hitler e, para não deixar dúvidas, uma suástica gravada na testa. Nas laterais os dizeres: BOLSONARO GENOCIDA. Uma visão exagerada, é verdade, mas ainda assim sinaliza como anda sua popularidade, que tem caído como uma pedra após um ano em meio de pandemia; e a verdade é que ele fez por merecer, com declarações absurdas e ofensivas ao povo brasileiro, como, em 10 de novembro de 2020; “o Brasil tem de deixar de ser um país de maricas”, afirmação que tem um laivo homofóbico – ou estou errado? Disse que a covid era como uma “gripezinha” e afirmou também que 70% da população pegaria a doença, que, em suma, isto era inevitável.

    Para provar esta ideia mentirosa participou de diversos encontros abertos com seus admiradores sem uso de máscara: um dos mais simples e eficazes meios para impedir o avanço do vírus. Resultado: pegou covid, mas, para sua sorte não fez parte da minoria que necessitou de intubação para conseguir respirar.

   A revista da qual mostramos a capa abre com uma entrevista da senadora Simone Tebet, muito ponderada e sem demonização onde ela diz a certa altura; “A história é implacável. O tempo da história é um tempo diferente do tempo da política. Acredito que o presidente vai entrar para a história não só como negligente. Mas pode entrar como o pior presidente da história do Brasil”.

    É com isto, amigo leitor, que estamos tendo de lidar.

Continua

Dossier Covid-19  #2

Não Estamos Sós

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Esta é a Equipe Espacial do Zenith News!

Ilustração: Paulo Medina. Nanquim,2021

Narração: Lilly

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  Estamos no conforto da Nave depois de uma rápida visita à Terra, e podemos tirar nossas máscaras.

     Celline, a repórter, está “no céu” e vou dizer a razão: mesmo que as coisas no Planeta estejam sombrias, e no Brasil mais ainda, ela encontrou uma “pérola do espaço” na revista ISTOÉ e conversa com Jubal, o diretor de redação:

   

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     - Ah, Jubal, essa eu não deixaria passar, não deixaria, mesmo; ainda mais porque está na capa do Capetão, você sabe, nossa postagem mais recente.

    - Você quis dizer a capa do Capitão, não é isto?

    - Eu sei muito bem o que quis dizer. Matilda, manda um zoom para nosso leitor.

 

Celline: - Ah, aí está, bem na capa. Mattilda dividiu em duas partes para que nosso leitor possa ler.

Jubal: - Não passou por sua cabecinha loira que isto é para vender mais revistas?

    - E eu espero que tenha vendido, mesmo.

    - Quanto a mim quero deixar registrado que achei tudo muito inconclusivo, como tudo o que se refere a ETs e Discos Voadores.

     - Ok, ok; mas assim mesmo não podemos nos omitir, afinal, somos o Jornal da Galáxia; e, você sabe, são raras as notícias galácticas em nosso mundinho tridimensional.

    - Ok, ok. Neste caso, seremos tão inconclusivos quanto a revista.

    - Tuuuudo bem! Vamos nos deter ao que está na fonte. Isto no que diz respeito à reportagem.

    - Assim está melhor. Fiquemos com os fatos, apenas com os fatos!

     - Ok, aí está.

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Revista ISTOÉ, 14 de Julho de 2021

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Celline: - Uau! O leitor vai pensar: este disco na imagem é real? Ao que tudo indica, não. A imagem não tem legenda, lá embaixo, no pé da página em letras tão pequenas que precisamos de uma lupa para ler estão todas as fontes de imagem, sem dizer qual se refere a qual. Sim, uma pequena decepção, mas vamos à matéria em si. 

Assinada por Vicente Vilardaga ela começa assim:

    “O reconhecimento de vida extraterrestre nunca esteve tão próximo. Se antes o assunto era tratado como piada pela comunidade científica ou como fantasia lunática pela maioria da população, agora começa a ser levado a sério. Não deve demorar muito para a agência espacial americana, Nasa, ou a chinesa, CNSA, confirmar a presença de vida microbiana ancestral em Marte, onde se desenvolve uma espécie de ‘guerra fria’ espacial entre os robôs Perseverance e Zhurong para fazer o anúncio primeiro. Será certamente um momento crucial da história do século 21. Em outra frente de pesquisa que aponta para mundos alienígenas evoluídos, o Pentágono, atendendo a um pedido do Senado, divulgou no fim de junho o relatório mais direto e revelador publicado até hoje sobre OVNIs chamados UAPs, sigla em inglês para fenômenos aéreos não identificados. Com nove páginas, o documento não se refere a seres extraterrestres, mas conclui que alguns fenômenos são inexplicáveis, não se enquadram em nenhum esclarecimento convencional e precisam ser mais bem estudados. Uma parceria entre o Pentágono e a Nasa, que pouco se pronuncia sobre questões ufológicas, acaba de ser fechada com esse objetivo. É a primeira vez que o governo americano faz um documento desse tipo.”

    Celline pousa a revista e diz:

    - Eu sei, amigo leitor, que este assunto parece inapropriado para figurar num “Dossier Covid-19”, mas nossa meta é fazer um registro de época e não apenas da doença. Em outros tempos esta notícia teria, imagino, recebido muito mais destaque. Mas fiquemos com o que temos. Outra passagem interessante é esta aqui:

    “Embora não seja conclusivo (ela olha de soslaio para Jubal), o relatório indica que os estudos de OVNIs se renovam e se tornam um campo de conhecimento promissor. O documento é baseado na revisão de 144 relatos de visualizações feitas por aviadores militares entre 2004 e 2021, principalmente nos dois últimos anos. De todas as visualizações, a força tarefa do Pentágono só deu explicação para uma, que se tratava de um balão vazio. As demais não têm qualquer esclarecimento. Para classificar os UAPs, cinco possibilidades são estabelecidas: confundidores aerotransportados, que podem ser pássaros ou balões, fenômenos atmosféricos naturais, programas de desenvolvimento da indústria, sistemas adversários estrangeiros e outros. Na conta dos ‘outros’ podem ser colocados objetos extraterrestres, com capacidade de manobra, aceleração e velocidade inalcançáveis com tecnologias existentes na Terra.”

    Ela novamente pousa a revista:

- O texto diz que estas visualizações se intensificaram nos últimos dois anos. Talvez, nesse período, tenham ocorrido eventos bizarros demais pra continuar a varrer este assunto para debaixo do tapete. É o que parece. Ou talvez tenha sido o ex-presidente  Barack Obama que – ao contrário de todos os seus predecessores – abriu o jogo.

Jubal: - Esclareça por favor nosso leitor.

Celline: - Pois não! Está aqui.

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Revista ISTOÉ, 14 de Julho de 2021

Ela volta a citar:

     - “O debate sobre OVNIs ganhou um novo impulso, no final de maio, um mês antes do relatório do Pentágono, quando o ex-presidente Barack Obama chamou atenção para o assunto no programa de TV The Late Late Show. Na entrevista, Obama primeiro brincou e disse que ‘em se tratando de alienígenas, há coisas que simplesmente não podemos contar no ar’. Depois, falando sério, admitiu que ‘há filmagens e registros de objetos nos céus que não sabemos exatamente o que são. Não podemos explicar como eles se moviam, sua trajetória e eles não tinham um padrão facilmente explicável. Acho que as pessoas ainda levam a sério e tentam investigar e descobrir o que é.’ A entrevista reforçou a crença de que alguma revelação está próxima.”

    Celline conclui:

    - Está dada a notícia. Possivelmente gerou algum rebuliço lá nos States, muito mais que no resto do mundo. Talvez não dê em nada, ou talvez, se os resultados forem divulgados, marque o começo de uma nova era, sim, uma nova era para a humanidade. Termina Celline, feliz por nosso terrível diretor de redação (Jubal) ter aberto esta brecha para o fascínio em plena pandemia. Até a vista!

Dossier Covid-19  #3

Domingo, 5 de setembro de 2021

Dupla Encrenca
 

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Ilustração: colagem/Paulo Medina (Amantis)

        Olá, amigo do Zenith News, falemos agora sobre o vírus no Brasil. A vacinação contra a Covid-19 acelera e o número de casos e de mortes diminuiu sensivelmente. Em alguns asilos (para idosos) chega a ser aplicada uma terceira dose e tudo isso é para ser celebrado, sim. Mas as taxas continuam altas: em média 20.000 brasileiros são contaminados diariamente (já chegamos aos 40 mil-dia) e 700 famílias perdem um ente querido para a doença (já chegamos a 2000-dia).  Cerca de 133.000.000 já tomaram a primeira dose, o que corresponde a 62 por cento da população, e aproximadamente 64.000.000 já têm a vacinação completa. E, na prática, o que estes números querem dizer? Que apenas 30 por cento do país está imunizado, lembrando que vacina alguma oferece proteção total. Não é um quadro muito animador pela morosidade com que a segunda dose tem sido aplicada.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

     Na revista Veja desta semana (que saiu em 1º de setembro) temos na capa um aviso; “Ele [o vírus] veio para ficar”. A manchete assusta, mas os subtítulos tranquilizam, ainda que relativamente; “A consistente queda no número de mortos mostra que a pandemia vai acabar. Mas o coronavírus continuará a existir e a adoecer pessoas, com uma letalidade bem menor. Nesse novo normal, a vacinação anual e doses extras dos imunizantes serão fundamentais.”  

   

     Ok. Mas eu não acredito mais em projeções, dou sempre uma margem para o completamente inesperado, em especial no que se refere ao coronavírus. Em poucas palavras, só acredito vendo.

      Está certo; até aqui atualizamos os números da pandemia, mas urge ir um pouco além neste dossier, porque além da pandemia algo de muito preocupante está acontecendo no Brasil. Sem qualquer exagero, a democracia está ameaçada. As revistas e jornais já têm falado disso há algum tempo e chegou a hora de colocarmos o tema em pauta: Bolsonaro considera seriamente a possibilidade de dar um golpe de estado para permanecer no poder. E ele não está sozinho; possui uma fileira de adoradores fanáticos que se consideram “patriotas” e apoiam este retrocesso na história do Brasil. Felizmente eles são minoria, mas existe um fator preocupante: eles estão se armando. Graças ao Presidente ficou muito mais fácil adquirir armas de fogo. Está no El País – Brasil (online) de 15 de julho de 2021: O Brasil duplicou o número de armas de fogo nas mãos de civis em apenas três anos: um arsenal de, pelo menos, uma arma a cada 100 brasileiros. São 2.077.126 exemplares nas mãos da sociedade civil, aqui incluídas as armas pessoais de policiais e militares. Apenas em 2020 foram registradas 186.071 novas armas, um aumento de 97,1% em relação ao ano anterior.

    Agora, um “Dia D” se aproxima: trata-se do 7 de setembro, dia da independência. O presidente, cuja popularidade só tem feito cair, convocou o país a uma grande manifestação a seu favor. Já sabemos que estão marcadas para o mesmo dia diversas manifestações contra ele, como já ocorreu três vezes.

    Bolsonaro disse que “um povo armado nunca será escravizado” longe de saber que os de mente curta costumam ser escravos em espírito de líderes fascistas, como é o seu caso. Eu vejo um céu com nuvens negras se adensando, como se uma tempestade prestes a cair. Chego a temer confrontos.

    Em entrevista à ISTOÉ de 25 de agosto o jurista Miguel Reale Júnior disse que “com Bolsonaro estamos sempre sob ameaça de golpe.”

    Não é à toa que a imprensa (escrita) esteja considerando seriamente esta hipótese. Na Veja de 1º de setembro Roberto Kassab (presidente do PSD) disse em entrevista; “O presidente dá sinais de que deseja o golpe, verbaliza isso. Se estiver brincando, é irresponsável. Se estiver falando sério, pior ainda. Temos de estar preparados para tudo.”

    Agora, amigos, ocorre-me: e se aqueles em prol da democracia estiverem se armando também? E se, por precaução saírem armados às ruas no “Dia D”? Já sabemos que a Polícia anda armada para manter a ordem. Sabemos também que uma parte da Polícia é Bolsonarista. Agora, com civis armados, o que pode acontecer?

    Como disse Kassab, devemos estar preparados para tudo.

                                           

                                                                                            Paulo Medina.

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